Os Três Mosqueteiros: Milady

No segundo capítulo da saga dos Três Mosqueteiros, Constance Bonacieux é sequestrada diante dos olhos de D’Artagnan, o que o leva a iniciar uma frenética busca para salvá-la, sendo forçado a aliar-se à misteriosa Milady de Winter. Junto a Athos, Porthos e Aramis, o jovem mosqueteiro enfrentará alguns segredos obscuros que podem balançar velhas alianças e desencadear uma grande guerra.

Reviews e Crítica sobre Os Três Mosqueteiros: Milady

Depois do honesto sucesso da primeira parte , eis a conclusão do díptico dedicado aos Três Mosqueteiros . Milady retoma os acontecimentos onde o primeiro filme os deixou, e em nada contrasta com o ambiente e a direção artística geral, tendo toda a saga sido filmada inteira.

Os Três Mosqueteiros – MiladyNo entanto, notaremos alguns esforços feitos na calibração e um desejo de desfocar o castanho geral para permitir que as cores emerjam, ao mesmo tempo que compomos alguns planos muito pictóricos dos raios de luz filtrados pela arquitectura medieval ou clássica. De resto, as mesmas qualidades fazem desta parte um grande e honesto espetáculo à moda antiga, onde se homenageia o cuidado da reconstrução, desde os figurinos até esta soberba viagem patrimonial de um edifício a outro, dos castelos enevoados a uma cidadela de maré. A abertura para o mar, o céu e os navios do vizinho guerreiro dão nova vida a uma intriga que se manteve mais local e interior na primeira parte, e a gestão dos disparos dos drones dinamiza pertinentemente esse ímpeto, seja durante a corrida no muralhas, dois inimigos no pelourinho voltados para a maré ou a retirada numa coorte mostrando os preparativos de guerra estendidos a toda uma planície.

A peça de bravura (o assalto à cidadela) permanecerá bastante limitada no registo épico – ainda estamos longe de ser um Cyrano de Bergerac – , mas consegue combinar alguns belos achados que nunca perdem de vista os arcos narrativos individuais. A ação continua bastante trabalhosa, sempre presa a essa câmera montada no ombro em planos-sequência que, certamente, atestam o real know-how dos atores/dublês, mas muitas vezes perdem a legibilidade, mesmo que o duelo final nas chamas ganhe força quando ele se expande em dois níveis e é um jogo inteligente em espaços móveis.

O filme ganha especialmente em riqueza na sua escrita, evitando prolongar as armadilhas do antecessor. Se os diálogos ainda jogam a carta de uma safra literária que pode deixar qualquer um indiferente (” Cuidado D’Artagnan, esta mulher te enfeitiçou! “), a distribuição dos personagens é mais equilibrada, poupando Cassel , Marmaï e Duris espaços onde seus as feridas e seu humor podem enriquecer a trama principal – e a atuação bastante limitada de François Civil , muito mais à vontade nos filmes contemporâneos.

Milady está em destaque neste segundo filme, principalmente permitindo que Eva Green assuma o papel principal, seja nos lugares que ela vampiriza ou nas obsessões de vários protagonistas. A ideia de reverter certos equilíbrios de poder (físico, mental ou sexual) não carece de sabor e contrabalança o romance um tanto brando entre os jovens protagonistas e uma história que multiplica as reviravoltas do romance antiquado.

Em suma, alguns esforços salutares para tirar o pó de uma máquina que deve permanecer no registo que tenta recolocar na sela e na sala.

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